Em novembro de 1618 apareceram três cometas na Europa. Foi o estopim para recomeçarem as discussões, com Galileu violento no falar como antes.
Entre 1624 e 1630, Galileu escreve um novo livro, Diálogo sobre os dois Sistemas Máximos de Mundo, o Ptolomaico e o Copernicano. Galileu comunicara ao Papa Urbano VIII que pretendia escrever esse livro.O Papa o apoiara, aconselhando-o, porém, a não entrar em conflito com o Santo Ofício e a tratar o sistema de Copérnico como hipótese. Uma recomendação perfeitamente correta para os dias atuais, pois agora é ponto pacífico que em ciência nada é definitivo.
Em maio de 1630, Galileu vai a Roma para obter o necessário “Imprimatur”. O encarregado de examinar seu livro, Pe. Riccardi, era amigo pessoal de Galileu. Conclui que eram necessárias algumas correções:
1.º) Mudar o título, que era Diálogo sobre as marés, porque destacava muito o único argumento (e errado) de Galileu para provar o sistema copernicano.
2.º) Alterar algumas passagens.
3.º) Alterar o prefácio, de modo a não apresentar o sistema heliocêntrico como verdade segura, mas sim como hipótese.
Diante disso, Galileu resolveu imprimir o livro em Florença. Riccardi concordou, desde que Galileu lhe trouxesse o primeiro exemplar da obra, com as devidas correções, para receber o “Imprimatur”. Galileu argumenta que a epidemia de Peste dificultava a comunicação entre as duas cidades. Mais uma vez, cede Riccardi, concordando com o exame da obra em Florença, bastando enviar a Roma o título e o Prefácio.
Frontispício da primeira edição do Diálogo, datada de 1632 e dedicada ao Duque Fernando II de Médici.
Em Florença, Galileu consegue que o revisor seja outro amigo seu,Giacinto Stefani, que foi induzido a pensar que a obra já tinha sido aprovada em Roma. Stefani concedeu a autorização. O título e o prefácio foram enviados para aprovação e o livro foi publicado em 1632.
Quando Riccardi recebeu um exemplar da obra completa, viu com surpresa que, antes da aprovação florentina, figurava a sua. E sem nenhuma correção no corpo do livro: o sistema copernicano era apresentado em toda a obra, exceto no Prefácio, como verdade incontroversa.
Urbano VIII, pressionado pelos inimigos de Galileu, e considerando a desobediência formal à proibição de 1616, passou o assunto à Inquisição.
A comissão encarregada de examinar a obra agrupou a censura em oito pontos, esclarecendo nas conclusões que todos eles podiam ser corrigidos (as marés como falsa prova, apresentar o sistema copernicano apenas como hipótese, etc.). Mas, acrescentava, a desobediência era um agravante bastante sério (o grifo é nosso, pois as conclusões da comissão mostram que o problema era, basicamente, disciplinar).
Galileu, chamado a Roma para julgamento, depois de vários adiamentos (doença, velhice, Peste, inundações, foram os motivos alegados), lá chega em 12.02.1633. Hospedou-se inicialmente no palácio do Embaixador de Florença; depois passou a residir no edifício da Inquisição, em aposentos do Fiscal da Inquisição, “cômodos e abertos” (nada de aprisionamento em masmorras, “a pão e água”, como diz uma das lendas).
Quando Riccardi recebeu um exemplar da obra completa, viu com surpresa que, antes da aprovação florentina, figurava a sua. E sem nenhuma correção no corpo do livro: o sistema copernicano era apresentado em toda a obra, exceto no Prefácio, como verdade incontroversa.
Urbano VIII, pressionado pelos inimigos de Galileu, e considerando a desobediência formal à proibição de 1616, passou o assunto à Inquisição.
A comissão encarregada de examinar a obra agrupou a censura em oito pontos, esclarecendo nas conclusões que todos eles podiam ser corrigidos (as marés como falsa prova, apresentar o sistema copernicano apenas como hipótese, etc.). Mas, acrescentava, a desobediência era um agravante bastante sério (o grifo é nosso, pois as conclusões da comissão mostram que o problema era, basicamente, disciplinar).
Galileu, chamado a Roma para julgamento, depois de vários adiamentos (doença, velhice, Peste, inundações, foram os motivos alegados), lá chega em 12.02.1633. Hospedou-se inicialmente no palácio do Embaixador de Florença; depois passou a residir no edifício da Inquisição, em aposentos do Fiscal da Inquisição, “cômodos e abertos” (nada de aprisionamento em masmorras, “a pão e água”, como diz uma das lendas).
Galileu diante da Inquisição Romana (1857), de Cristiano Banti. O quadro é evidentemente romanceado: Galileu parece bem mais jovem do que na realidade era quando do processo e mantém-se em atitude desafiadora.
Foi submetido a quatro interrogatórios:
– No primeiro negou que houvesse defendido o sistema heliocêntrico em seu livro.
– No segundo, declarou que, relendo o livro, reparara que em alguns trechos o leitor podia realmente pensar que ele defendia tal sistema.
– No terceiro, desculpou-se por desobedecer à proibição de 1616, afirmando que a advertência tinha sido verbal e que não se recordava de uma ordem para ele em particular.
– No quarto e último interrogatório (em 21.06.1633), quando lhe perguntaram solenemente se defendia o sistema copernicano, respondeu negativamente.
No dia seguinte, em Decreto do Santo Ofício, é publicada a sentença, na qual consta: “... é absolvido da suspeição de heresia, desde que abjure, maldiga e deteste ditos erros e heresias...”. Galileu ouviu de pé e com a cabeça descoberta a leitura de sua condenação (três anos de prisão; recitação semanal dos sete salmos penitenciais, por três anos). Depois, de joelhos e com uma mão sobre os Evangelhos, assinou um ato de abjuração, no qual declarava que era “justamente suspeito de heresia”.
Nesta ocasião, Galileu teria exclamado, batendo com o pé no chão: “e pur si muove” (e todavia se move). Lenda inverossímil, dadas as circunstâncias (estava de joelhos). É uma fantasia que apareceu pela primeira vez em 1757 (mais de um século depois), em obra do jornalista italiano Giuseppe Baretti (1719-1789).
Além das penas pessoais, também proibiu-se o livro de Galileu.
No dia seguinte, a sentença é comutada pelo Papa. Galileu vai viver no palácio do Embaixador de Florença e depois passa para a casa do Arcebispo Piccolomini, seu discípulo e admirador, em uma espécie de prisão domiciliar. Foi-lhe permitido voltar a Florença em 10.12.1633, cinco meses e oito dias depois da condenação.
Como se vê, nada de condenação por heresia, torturas, fogueira, etc. É verdade que durante o processo, em virtude de suas evasivas, foi ameaçado de tortura, de acordo com os trâmites processuais. Por outra, a tortura nunca era infligida a pessoas idosas ou enfermas. Galileu estaria isento por ambas as condições.
“Embora reconheçamos que o segundo processo teve, como gravame, a vaidade e a insinceridade de Galileu, devemos todavia lamentar profundamente a primeira condenação de 1616 como inquietante erro judicial, e como abuso de poder diretamente catastrófico em suas conseqüências” [proibição das obras de Copérnico]15.
Em 1637, Galileu fica cego. Em 1638, publica o livro Diálogo das duas novas ciências, que são a Resistência dos Materiais e a Mecânica Racional, básicas para vários ramos da engenharia.
Morre em 08.01.1642, assistido por um sacerdote, como bom católico.
No dia seguinte, a sentença é comutada pelo Papa. Galileu vai viver no palácio do Embaixador de Florença e depois passa para a casa do Arcebispo Piccolomini, seu discípulo e admirador, em uma espécie de prisão domiciliar. Foi-lhe permitido voltar a Florença em 10.12.1633, cinco meses e oito dias depois da condenação.
Como se vê, nada de condenação por heresia, torturas, fogueira, etc. É verdade que durante o processo, em virtude de suas evasivas, foi ameaçado de tortura, de acordo com os trâmites processuais. Por outra, a tortura nunca era infligida a pessoas idosas ou enfermas. Galileu estaria isento por ambas as condições.
“Embora reconheçamos que o segundo processo teve, como gravame, a vaidade e a insinceridade de Galileu, devemos todavia lamentar profundamente a primeira condenação de 1616 como inquietante erro judicial, e como abuso de poder diretamente catastrófico em suas conseqüências” [proibição das obras de Copérnico]15.
Em 1637, Galileu fica cego. Em 1638, publica o livro Diálogo das duas novas ciências, que são a Resistência dos Materiais e a Mecânica Racional, básicas para vários ramos da engenharia.
Morre em 08.01.1642, assistido por um sacerdote, como bom católico.
O túmulo de Galileu, concebido por
Giambattista Foggini, na Basílica di Santa Croce, em Florença
Giambattista Foggini, na Basílica di Santa Croce, em Florença
4. COMENTÁRIOS
a) Muitos dos comentários a seguir são retirados da obra de Jorge Cintra.
– O episódio de Galileu é lamentável, mas compreensível, selevarmos em consideração o ambiente, costumes e mentalidades vigentes naquela época.
– A imagem Galileu versus Igreja, ou ciência versus Igreja,foi criada por pensadores anticatólicos dos séculos XVIII e XIX, para apresentar a Igreja como inimiga da ciência, do progresso e da razão.
a) Muitos dos comentários a seguir são retirados da obra de Jorge Cintra.
– O episódio de Galileu é lamentável, mas compreensível, selevarmos em consideração o ambiente, costumes e mentalidades vigentes naquela época.
– A imagem Galileu versus Igreja, ou ciência versus Igreja,foi criada por pensadores anticatólicos dos séculos XVIII e XIX, para apresentar a Igreja como inimiga da ciência, do progresso e da razão.
Muitos eclesiásticos estudavam sistematicamente astronomia e vários deles vinham defendendo o sistema heliocêntrico mesmo antes de Galileu, como o próprio Copérnico, que era cônego.
– A Igreja não queria proibir que se discutisse o sistema de Copérnico, mas apenas solicitava que não fosse apresentado como incontestável, enquanto não houvesse provas decisivas. O argumento das marés, que Galileu apresentou como prova máxima, era falso.
– Aliás, como já tínhamos comentado, pela atual filosofia da ciência, nada é definitivo em ciência; mesmo as teorias mais “badaladas” podem cair. Um exemplo é a famosa teoria do evolucionismo, de Darwin. Pelos conhecimentos atuais, não há “elos perdidos”. O que aconteceu foram mutações fortes, mudanças bruscas que geraram novas espécies, cuja estabilidade está cada vez mais comprovada. Uma espécie aparece “subitamente” e se mantém praticamente inalterada, até desaparecer. Sobre evolucionismo recomendamos a obra de Evolucionismo: mito e realidade, de Jorge Cintra, uma excelente e resumida apresentação do tema16.
Outros exemplos temos na própria astronomia, com as diversas teorias sobre a formação dos planetas, sobre o universo em expansão, em contração, pulsante, etc.
– Parte do acontecido deve-se ao caráter de Galileu, polêmico, ríspido, agressivo, e ao fato de ter difundido prematuramente suas conclusões científicas, sem provas suficientes.
– Houve também um erro grave por parte de representantes da Igreja, que se intrometeram em matéria exclusivamente científica e condenaram um sistema astronômico, no processo de 1616.
b) Do filósofo cético-agnóstico Paul Feyerabend citamos: “No tempo de Galileu, a Igreja se manteve mais fiel à razão do que o próprio Galileu e levou em consideração também as conseqüências éticas e sociais da doutrina de Galileu. O processo contra Galileu era justo e racional”17.
c) Palavras do físico Nicola Cabibbo, presidente do Instituto Nacional de Física Nuclear da Itália: “Se examinarmos o processo, vemos que Galileu não foi condenado pelas suas teses científicas, mas porque tentava fazer teologia. O próprio Galileu afirmava, errando: visto que a Terra gira em torno do Sol, devemos mudar a Sagrada Escritura. Nesse caso, quando Newton descobriu a gravitação universal e Einstein a relatividade, deveríamos ter mudado de novo os textos sagrados”18.
d) Filósofo laico Emanuele Severino, falando sobre a reabilitação de Galileu pela Igreja: “recitando o «mea culpa» sobre Galileu, a Igreja atribui à ciência um valor absoluto justamente hoje, quando a ciência reconhece que não tem verdades absolutas e indiscutíveis. É estranho que não levem em conta as considerações do Cardeal Belarmino, que aconselhou Galileu a expor as suas teorias em forma de hipótese e não de verdades absolutas. A postura de Belarmino era muito mais moderna, com uma consciência crítica do saber científico superior à de Galileu”19.
e) Em 03.07.1981, o Papa João Paulo II nomeou uma comissão de teólogos, cientistas e historiadores, a fim de aprofundarem o exame do caso Galileu. Os resultados foram apresentados após onze anos, em 31.10.1992. Neste mesmo dia, 350.º aniversário da morte de Galileu, realizou-se sessão solene da Pontifícia Academia de Ciências. Do discurso que então proferiu João Paulo II extraímos os seguintes trechos:
“Galileu rejeitou a sugestão de apresentar o sistema de Copérnico como uma hipótese, até ser confirmado por provas irrefutáveis. Tratava-se de uma exigência do método experimental, do qual ele foi o iniciador genial”. (Isto é, Galileu errou em seu próprio terreno).
“O problema que os teólogos da época se puseram era o da compatibilidade do heliocentrismo e da Escritura. A ciência nova, com os seus métodos e a liberdade de investigação que eles supõem, obrigava os teólogos a interrogarem-se sobre os seus próprios critérios de interpretação da Escritura. A maioria não o soube fazer. Paradoxalmente, Galileu, fiel sincero, mostrou-se sobre este ponto mais perspicaz do que os seus adversários teólogos. Se a Escritura não pode errar, escreve ele a Benedetto Castelli (em 1613), alguns dos seus intérpretes e comentaristas o podem e de muitas maneiras. Também é conhecida a sua carta a Cristina de Lorena (em 1615), que é como que um pequeno tratado de hermenêutica bíblica”.
“A maioria dos teólogos não percebia a distinção formal entre a Escritura Sagrada e a sua interpretação, o que os levou a transpor indevidamente para o campo da doutrina da fé uma questão, de fato relevante, da investigação científica.”
“Recordemos a frase célebre atribuída a Baronio: O Espírito Santo quer nos dizer como se vai para o céu; não como vai o céu”. “Belarmino, que tinha percebido o que estava realmente em jogo no debate, considerava que, diante de eventuais provas científicas do movimento orbital da Terra ao redor do Sol, devíamos interpretar, com uma grande circunspeção, toda a passagem da Bíblia que parece afirmar que a Terra é imóvel, e «dizer que não o compreendemos, antes de afirmar que é falso o que se demonstra» (Carta ao Pe. Foscarini, 12.04.1615)”.
– A Igreja não queria proibir que se discutisse o sistema de Copérnico, mas apenas solicitava que não fosse apresentado como incontestável, enquanto não houvesse provas decisivas. O argumento das marés, que Galileu apresentou como prova máxima, era falso.
– Aliás, como já tínhamos comentado, pela atual filosofia da ciência, nada é definitivo em ciência; mesmo as teorias mais “badaladas” podem cair. Um exemplo é a famosa teoria do evolucionismo, de Darwin. Pelos conhecimentos atuais, não há “elos perdidos”. O que aconteceu foram mutações fortes, mudanças bruscas que geraram novas espécies, cuja estabilidade está cada vez mais comprovada. Uma espécie aparece “subitamente” e se mantém praticamente inalterada, até desaparecer. Sobre evolucionismo recomendamos a obra de Evolucionismo: mito e realidade, de Jorge Cintra, uma excelente e resumida apresentação do tema16.
Outros exemplos temos na própria astronomia, com as diversas teorias sobre a formação dos planetas, sobre o universo em expansão, em contração, pulsante, etc.
– Parte do acontecido deve-se ao caráter de Galileu, polêmico, ríspido, agressivo, e ao fato de ter difundido prematuramente suas conclusões científicas, sem provas suficientes.
– Houve também um erro grave por parte de representantes da Igreja, que se intrometeram em matéria exclusivamente científica e condenaram um sistema astronômico, no processo de 1616.
b) Do filósofo cético-agnóstico Paul Feyerabend citamos: “No tempo de Galileu, a Igreja se manteve mais fiel à razão do que o próprio Galileu e levou em consideração também as conseqüências éticas e sociais da doutrina de Galileu. O processo contra Galileu era justo e racional”17.
c) Palavras do físico Nicola Cabibbo, presidente do Instituto Nacional de Física Nuclear da Itália: “Se examinarmos o processo, vemos que Galileu não foi condenado pelas suas teses científicas, mas porque tentava fazer teologia. O próprio Galileu afirmava, errando: visto que a Terra gira em torno do Sol, devemos mudar a Sagrada Escritura. Nesse caso, quando Newton descobriu a gravitação universal e Einstein a relatividade, deveríamos ter mudado de novo os textos sagrados”18.
d) Filósofo laico Emanuele Severino, falando sobre a reabilitação de Galileu pela Igreja: “recitando o «mea culpa» sobre Galileu, a Igreja atribui à ciência um valor absoluto justamente hoje, quando a ciência reconhece que não tem verdades absolutas e indiscutíveis. É estranho que não levem em conta as considerações do Cardeal Belarmino, que aconselhou Galileu a expor as suas teorias em forma de hipótese e não de verdades absolutas. A postura de Belarmino era muito mais moderna, com uma consciência crítica do saber científico superior à de Galileu”19.
e) Em 03.07.1981, o Papa João Paulo II nomeou uma comissão de teólogos, cientistas e historiadores, a fim de aprofundarem o exame do caso Galileu. Os resultados foram apresentados após onze anos, em 31.10.1992. Neste mesmo dia, 350.º aniversário da morte de Galileu, realizou-se sessão solene da Pontifícia Academia de Ciências. Do discurso que então proferiu João Paulo II extraímos os seguintes trechos:
“Galileu rejeitou a sugestão de apresentar o sistema de Copérnico como uma hipótese, até ser confirmado por provas irrefutáveis. Tratava-se de uma exigência do método experimental, do qual ele foi o iniciador genial”. (Isto é, Galileu errou em seu próprio terreno).
“O problema que os teólogos da época se puseram era o da compatibilidade do heliocentrismo e da Escritura. A ciência nova, com os seus métodos e a liberdade de investigação que eles supõem, obrigava os teólogos a interrogarem-se sobre os seus próprios critérios de interpretação da Escritura. A maioria não o soube fazer. Paradoxalmente, Galileu, fiel sincero, mostrou-se sobre este ponto mais perspicaz do que os seus adversários teólogos. Se a Escritura não pode errar, escreve ele a Benedetto Castelli (em 1613), alguns dos seus intérpretes e comentaristas o podem e de muitas maneiras. Também é conhecida a sua carta a Cristina de Lorena (em 1615), que é como que um pequeno tratado de hermenêutica bíblica”.
“A maioria dos teólogos não percebia a distinção formal entre a Escritura Sagrada e a sua interpretação, o que os levou a transpor indevidamente para o campo da doutrina da fé uma questão, de fato relevante, da investigação científica.”
“Recordemos a frase célebre atribuída a Baronio: O Espírito Santo quer nos dizer como se vai para o céu; não como vai o céu”. “Belarmino, que tinha percebido o que estava realmente em jogo no debate, considerava que, diante de eventuais provas científicas do movimento orbital da Terra ao redor do Sol, devíamos interpretar, com uma grande circunspeção, toda a passagem da Bíblia que parece afirmar que a Terra é imóvel, e «dizer que não o compreendemos, antes de afirmar que é falso o que se demonstra» (Carta ao Pe. Foscarini, 12.04.1615)”.




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