Ilustração representando o sistema geocêntrico (extraída de Harmonia Macrocosmica,
de Andreas Cellarius, 1660-1).
de Andreas Cellarius, 1660-1).
2.2. A Astronomia
a) Sistema geocêntrico
a) Sistema geocêntrico
É o sistema mais antigo, cuja origem é incerta. Na Antigüidade apresentaram-no, entre outros, Hiparco (190 a 120 a.C.). No século II de nossa era, o grego Cláudio Ptolomeu fez melhoramentos na hipótese de Hiparco, mostrando, por suas observações, que as órbitas dos planetas não podem ser circulares, como queriam Hiparco e Aristóteles, entre outros (o círculo era símbolo da perfeição). A Terra, imóvel, ocupa o centro do universo. Em torno dela giram, na seguinte ordem: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Esta concepção perdurou não só na Antigüidade, mas também por toda a Idade Média, em parte pela adesão de Aristóteles ao geocentrismo, em parte pelas objeções postas ao heliocentrismo, como veremos mais adiante.
Imagem de As distâncias e os tamanhos do Sol e da Lua, de Aristarco (cópia grega do séc. X, Biblioteca Vaticana).
b) Sistema heliocêntrico
Aristarco de Samos (século III a.C.) foi o primeiro a adotar e ensinar o sistema heliocêntrico. De acordo com Aristarco, o Sol está imóvel no centro do universo, e à sua volta os planetas descrevem órbitas circulares; as estrelas fixas encontram-se numa esfera cristalina. Avaliou que as distâncias entre as estrelas eram extraordinariamente superiores à distância entre Sol e Terra.
Aristarco de Samos (século III a.C.) foi o primeiro a adotar e ensinar o sistema heliocêntrico. De acordo com Aristarco, o Sol está imóvel no centro do universo, e à sua volta os planetas descrevem órbitas circulares; as estrelas fixas encontram-se numa esfera cristalina. Avaliou que as distâncias entre as estrelas eram extraordinariamente superiores à distância entre Sol e Terra.
Não havia provas convincentes de que a realidade estivesse de acordo com esta teoria, mas ela justificava plenamente a regularidade do movimento dos planetas. Por outro lado, havia argumentos de peso contra ela,baseados nos conhecimentos e no “bom senso” da época, proveniente da observação de fenômenos naturais. O argumento de maior importância (creio que muitas pessoas, mesmo nos tempos atuais, não sabem como o refutar) é o seguinte:
Se a Terra gira em torno do Sol, é necessário que também gire em torno de si, para produzir o dia e a noite. Se ela gira em torno de si, deve haver um movimento relativo terra-ar e, portanto, para quem está parado na superfície da Terra, um vento com a mesma velocidade. Se estou andando a cavalo, pensavam, quanto mais rápido andar o cavalo, mais veloz o vento que sentirei, devido ao movimento relativo cavalo-ar. Se estou parado, não sobre o cavalo, mas sim na superfície da Terra, e ela está “correndo” em sua rotação, deverei sentir um vento correspondente. E qual a velocidade deste vento? Os gregos já tinham feito o cálculo. Mais precisamente, Eratóstenes, medindo a diferença de latitude entre Siena (atualmente, Assuan) e Alexandria, e medindo a distância entre estas duas cidades, determinou a circunferência da Terra, no Equador. Foi concluído que, se a Terra girasse sobre si mesma, a velocidade no Equador seria de cerca de 400 m/s (1.440 km/h). E esta seria a velocidade do vento causado pela rotação da terra, velocidade essa suficiente para destruir florestas, veículos, construções, etc. (Na realidade, a velocidade é ainda maior: 1.670 km/h.) Este vento não existe. Logo: a Terra não pode ter o movimento de rotação requerido pelo sistema heliocêntrico para formar dias e noites.
Se a Terra gira em torno do Sol, é necessário que também gire em torno de si, para produzir o dia e a noite. Se ela gira em torno de si, deve haver um movimento relativo terra-ar e, portanto, para quem está parado na superfície da Terra, um vento com a mesma velocidade. Se estou andando a cavalo, pensavam, quanto mais rápido andar o cavalo, mais veloz o vento que sentirei, devido ao movimento relativo cavalo-ar. Se estou parado, não sobre o cavalo, mas sim na superfície da Terra, e ela está “correndo” em sua rotação, deverei sentir um vento correspondente. E qual a velocidade deste vento? Os gregos já tinham feito o cálculo. Mais precisamente, Eratóstenes, medindo a diferença de latitude entre Siena (atualmente, Assuan) e Alexandria, e medindo a distância entre estas duas cidades, determinou a circunferência da Terra, no Equador. Foi concluído que, se a Terra girasse sobre si mesma, a velocidade no Equador seria de cerca de 400 m/s (1.440 km/h). E esta seria a velocidade do vento causado pela rotação da terra, velocidade essa suficiente para destruir florestas, veículos, construções, etc. (Na realidade, a velocidade é ainda maior: 1.670 km/h.) Este vento não existe. Logo: a Terra não pode ter o movimento de rotação requerido pelo sistema heliocêntrico para formar dias e noites.
Outro argumento contra o sistema heliocêntrico exporemos a seguir:Se uma pedra for atirada verticalmente para cima, enquanto ela sobe e desce, a Terra se desloca e a pedra chocar-se-á com o terreno em um ponto afastado do ponto de lançamento. Se, após seu lançamento, a pedra levar dez segundos para chocar-se com o terreno, no Equador ela estaria a quatro quilômetros a oeste de seu ponto de lançamento! Repito o comentário feito acima: hoje em dia, quantos saberão explicar por que isto não acontece?
Ilustração representando o sistema heliocêntrico (extraída de Harmonia Macrocosmica, de Andreas Cellarius, 1660-1).
Por estas e outras dificuldades, a teoria heliocêntrica foi abandonada, voltando a ser apresentada muitos séculos depois por Nicolau Copérnico, nascido em Torun, Polônia, em 14.02.1473, e falecido em Frauenburg, Polônia, em 24.05.1543.
Copérnico estudou astronomia e matemática na Universidade de Cracóvia e, por três anos, Direito Canônico em Bolonha, Itália. Também freqüentou as Universidades de Roma, Pádua e Ferrara. Em 1501 aceitou o posto de cônego da Catedral de Frauenburg, cidade onde fez suas observações astronômicas.
Reintroduziu o sistema heliocêntrico de Aristarco, com modificações, em dois trabalhos:
– em 1530: “Comentários sobre as Hipóteses da Constituição do Movimento Celeste”;
– em 1543: “Sobre a Revolução dos Corpos Celestes”.
Copérnico estudou astronomia e matemática na Universidade de Cracóvia e, por três anos, Direito Canônico em Bolonha, Itália. Também freqüentou as Universidades de Roma, Pádua e Ferrara. Em 1501 aceitou o posto de cônego da Catedral de Frauenburg, cidade onde fez suas observações astronômicas.
Reintroduziu o sistema heliocêntrico de Aristarco, com modificações, em dois trabalhos:
– em 1530: “Comentários sobre as Hipóteses da Constituição do Movimento Celeste”;
– em 1543: “Sobre a Revolução dos Corpos Celestes”.
Acima, um retrato de Copérnico pintado na sua cidade natal, Torun, no início do século XVI.
Acima, ilustação do sistema heliocêntrico feita pelo astrônomo polonês no seu livro De revolutionibus orbium coelestium (“Sobre as revoluções das esferas celestes”), publicado em 1543.
Este último trabalho foi dedicado ao Papa Paulo III, que aceitou a dedicatória, sem problemas. E, mais ainda, o sistema proposto por Copérnico foi usado pela Igreja para reformar o calendário litúrgico, permitindo prever a data da Páscoa e, a partir dela, as demais datas do ano litúrgico. O sistema geocêntrico de Ptolomeu havia levado a erros cumulativos importantes. Os cálculos para definir as datas litúrgicas foram enormemente simplificados com o sistema heliocêntrico.Estes cálculos foram feitos pelo jesuíta e matemático Cristóvão Clavius.
Segundo Copérnico, o Sol ocupa o centro do sistema planetário. Em torno dele os planetas giram em órbitas circulares, na seguinte ordem: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno.
c) Sistema misto
Proposto por Tycho Brahe (1571-1630), astrônomo dinamarquês. Tornou-se conhecido e admirado pelas medidas precisas que realizou, com instrumentos adequados, construídos por ele mesmo com muita perfeição.O seu sistema é considerado por alguns autores como um sistema “conciliatório”. No centro do universo, a Terra, imóvel. À sua volta giram a Lua e o Sol. Os demais planetas giram em torno do Sol, acompanhando-o em seu movimento em torno da Terra. À distância, a esfera das estrelas.
Segundo Copérnico, o Sol ocupa o centro do sistema planetário. Em torno dele os planetas giram em órbitas circulares, na seguinte ordem: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno.
c) Sistema misto
Proposto por Tycho Brahe (1571-1630), astrônomo dinamarquês. Tornou-se conhecido e admirado pelas medidas precisas que realizou, com instrumentos adequados, construídos por ele mesmo com muita perfeição.O seu sistema é considerado por alguns autores como um sistema “conciliatório”. No centro do universo, a Terra, imóvel. À sua volta giram a Lua e o Sol. Os demais planetas giram em torno do Sol, acompanhando-o em seu movimento em torno da Terra. À distância, a esfera das estrelas.
Clavius (à esquerda; gravura do século XVI feita a partir de pintura de Francisco Villamena) e Tycho Brahe (à direita; gravura da Biblioteca Nacional da Dinamarca).







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